O óleo de soja de 900 ml, comercializado em Belém, apresentou alta de 4,87% em agosto, comparado ao mês anterior. No entanto, no acumulado de um ano, o produto alcançou o reajuste de 44,01%, contra uma inflação estimada em torno de 2,80% para o mesmo período. Os dados foram divulgados na quarta-feira (9), pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pará), entidade que faz o balanço dos preços da cesta básica na capital paraense, semanalmente. O item que é um dos carros-chefe da alimentação diária, ao longo dos últimos oito meses, acumulou 21,51% de alta.
O reajuste acima da inflação não é uma particularidade do óleo de soja. Ele é um dos produtos que tiveram altas significativas nos últimos meses. A elevação no preço do item, assim como a do arroz e do leite, tem apresentado preocupação nos donos de supermercado, que precisam repassar o aumento ao consumidor final. O motivo do reajuste é a demanda desproporcional à oferta. O item é um commodity, ou seja, a comercialização está ligada com o dólar alto e a exportação.
Segundo as pesquisas do Dieese/PA, a trajetória de preços do óleo de cozinha nos últimos 12 meses teve um aumento gradativo, no entanto, sofrendo reajustes a cada mês: em agosto do ano passado, a garrafa de 900 ml foi comercializada em supermercados de Belém a R$ 3,59; fechou o ano de 2019 com a média de R$ 4,29. No início de 2020, o item passou a ser vendido por R$ 4,34; em fevereiro, a R$ 4,27; em março, a R$ 4,29; em abril, a R$ 4,52; em maio, a R$ 4,62; em junho, a R$ 4,84; em julho, a R$ 4,93, e no mês passado, a R$ 5,17. Os valores são da média.
Com isso, a garrafa de 900 ml de óleo de soja consumido em Belém teve alta de 4,87% em agosto do ano passado, comparado aos preços praticados em julho. Entretanto, no balanço comparativo de valores médios dos oito primeiros meses deste ano, a alta acumulada alcançou 20,51%, contra uma inflação que gira em torno de 1%. Já no ano, o acréscimo foi de 44,01%, contra uma inflação estimada em torno de 2,80% para o mesmo período.
O presidente da Associação Paraense dos Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, explica sobre os aumentos. “A soja também é uma commodity. O óleo de soja está com o preço altíssimo. A caixa dobrou de valor, nos últimos meses. Este aumento tem sido gradativo, mas com a variação de dias. Com a alta do dólar, os produtores entendem que é melhor exportar. O item tem ficado caro em todo o Brasil, não apenas em Belém”, disse.
Na quarta, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, foi recebido no Palácio do Planalto por uma equipe econômica do Governo Federal, para debater o aumento generalizado de alguns alimentos, como o arroz, por exemplo. Na pauta, foi debatido a possibilidade de baixar a taxa de importação de alguns produtos, sobretudo, a do arroz, feijão, óleo de soja e leite. Os detalhes e a deliberação serão divulgados nesta sexta-feira (11).