Um grupo de pacientes que depende de hemodiálise e mora no
município de Quatipuru, nordeste paraense, teve que ajudar a empurrar uma van
prestadora de serviço municipal que não estava funcionando após uma parada em
Castanhal, no retorno de Ananindeua e Belém, onde foi realizado o tratamento de
alguns dos passageiros. A situação ocorreu na última segunda-feira (7) e foi
divulgada por meio de um vídeo no Facebook.
É possível ver um homem, quatro mulheres e um menino se esforçando para que o
veículo saia do lugar. De acordo com a marisqueira Antônia Correia, 49, que
acompanhou a mãe dela de 71 anos durante essa viagem, o sufoco foi grande.
"Estávamos voltando para Quatipuru, quando paramos em Castanhal para
almoçar. Na saída, deu esse prego", contou.
"Tinha cerca de nove pessoas na van. Minha mãe faz o tratamento e já tem
idade avança, logo, não participou. Mas outros pacientes e acompanhantes
ajudaram a empurrar, inclusive eu como acompanhante. E, graças a dois senhores
que vieram depois de uma oficina, conseguimos fazer sair do lugar",
relatou.
"Esse menino do vídeo não faz hemodiálise, mas foi
fazer alguma consulta. Minha mãe faz o tratamento em Ananindeua três vezes por
semana: segunda, quarta e sexta. É muito desconforto, porque eles saem da
máquina de diálise cansados logo querendo chegar em casa. É muito puxado passar
por esse tratamento. E ainda passam por um esforço desse!", reclamou
Antônia.
A van é do serviço de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), que foi instituído
pela Portaria nº 55 da Secretaria de Assistência à Saúde (Ministério da Saúde).
Trata-se de um instrumento legal que visa garantir, por meio do Sistema Único
de Saúde (SUS), tratamento médico a pacientes portadores de doenças não
tratáveis no município de origem por falta de condições técnicas.
Posicionamento da prefeitura
Em um vídeo divulgado à imprensa, o secretário municipal de
Saúde de Quatipuru, Gessé de Sousa Gomes, lamentou o ocorrido. "Na sexta
(4), a van que faz o transporte de TFD se envolveu em um acidente em Belém e
ficou na oficina. Foi necessário ter uma substituta. Não poderíamos deixar os
pacientes sem acesso a Belém. Mas quando ela retornou, deu pane. Pela
secretaria, é inadmissível que o condutor permita que o paciente com
comorbidade empurre essa van. Teria outros meios para resolver", disse.
Segundo o secretário, um novo veículo mais confortável já foi providenciado.
"Essa van tinha 15 lugares. E a gente já fechou o contrato dela. Agora
fizemos um novo contrato com uma van de 20 lugares que tem conforto e vai dar
mais segurança aos nossos pacientes. Vai dar mais dignidade e qualidade de
vida", pontuou Gessé de Sousa Gomes.
Fonte: João Thiago Dias