O Amapá chega ao 22º dia de apagão. Uma crise que afeta 13 dos 16 municípios do estado. Com serviços seriamente comprometidos, muita gente tem deixado o estado vizinho em busca de tranquilidade, de melhores condições de vida. Várias famílias amapaenses estão desembarcando no Aeroporto Internacional de Val-de-Cans, em Belém, e algumas lamentam profundamente a situação desesperadora enfrentada pela população local.
A família da técnica em enfermagem Nidiane Souza, 35 anos, foi uma delas. Junto à filha, mãe e outros parentes, ela chegou na capital paraense na tarde desta segunda-feira (23), inicialmente para passar férias, mas o pensamento em relação aos que ficaram ainda preocupa, sobretudo com a dificuldade de conseguir os mantimentos necessários para o dia a dia, seja pela falta nas feiras, ou pelos preços praticados.
“Não muito nos supermercados, mas as feiras estão sofrendo com o desabastecimento. Tem sido um problema, assim como os preços praticados. Um garrafão de água com 20 litros chega a custar R$ 20,00. Isso é um absurdo”, reclama. Segundo ela, cansados de esperar uma solução em vão, a população do Estado tem ido frequentemente às ruas protestar, e nem mesmo a ida do Presidente da República, Jair Bolsonaro, no último sábado (21) a convite do presidente do Senador, Davi Alcolumbre, conseguiu atenuar a revolta contida no povo amapaense. “Ele veio apertar um botão e foi embora. Não vimos nada de melhoria, seja na prática ou seja em termos de solução. E o gerador que ele ligou já deu problema”, ressalta Nidiane.
PREÇOS
O presidente foi a Macapá e ativou o funcionamento de 46 geradores termoelétricos instalados provisoriamente para garantir o fornecimento de energia, mas ainda no fim de semana, foram registradas explosões e a previsão é que o fornecimento seja garantido em 100% apenas no dia 26. Até lá, quem tem a chance de escapar dos transtornos, não pensa duas vezes.
O Engenheiro Elétrico Elenilton Marques, 39, também veio ao Pará, a princípio para trabalhar, mas garante que a convivência no estado vizinho tem sido difícil. Até para sair de lá não está fácil. Uma passagem em média, para a capital paraense, tem oscilado entre R$ 1,2 mil e R$ 2,3 mil. “O ruim tem sido a dificuldades para comprar algumas coisas e o próprio racionamento. O rodízio ainda continua e isso faz com que muitas coisas permaneçam com o preço nas alturas”, revela. Em média, a energia na capital tem funcionado no sistema de rodízio. A energia ligada em cada região permanece ligada por quatro horas e depois é transferida para outras áreas.
Fonte: Luiz Guilherme Ramos/DOL