Nas últimas 12 semanas, os municípios paraenses que mais
tiveram casos confirmados de sarampo foram Portel (com 62 casos), Bagre (com
12) e Afuá (com 9), ambos na Ilha do Marajó. Ao todo, neste período, foram
registrados 99 novos casos da doença no estado, totalizando 5.375 ocorrências
em 2020. Esse total corresponde a 65% de todos os casos notificados e
confirmados no Brasil neste ano, mantendo o Pará em primeiro lugar no ranking
dos estados com mais registros de sarampo.
Os números são do boletim epidemiológico mais recente do Departamento de
Epidemiologia da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), divulgado na
sexta-feira (4). Dos 99 novos casos, 37 acometeram pessoas de 20 a 49 anos,
público-alvo da campanha de vacinação. Do total de casos de 2020 (5.375), 2.496
ocorreram em pessoas dessa mesma faixa etária. Considerando dados de 2020, os
municípios paraenses com maior número de casos são: Belém (1.459); Ananindeua
(969); Breves (274); Marituba (257); e Abaetetuba (217).
Esses números são acompanhados de outra notícia preocupante, segundo o
Departamento de Epidemiologia: a cobertura vacinal no Pará, com cerca de 900
mil pessoas imunizadas (26,20%), segue bem abaixo da meta, que é de 3,5 milhões
de pessoas. A campanha para a vacina tríplice viral, que protege contra o
sarampo, a rubéola e a caxumba, segue estendida até 20 de dezembro no estado. A
disponibilização é feita nas Unidades Básicas de Saúde dos 144 municípios
paraenses.
Independentemente da campanha de vacinação, com público-alvo de 20 a 49 anos de
idade, a vacina tríplice viral está disponível para as crianças a partir dos 12
meses dentro do calendário básico de vacinação da criança. Uma segunda dose
deve ser feita quando a criança estiver com 15 meses, conforme explicou o
diretor do Departamento de Epidemiologia da Sespa, Bruno Pinheiro, que reforçou
a preocupação com os números.
Número alarmante
"Foram 410 casos em 2019 no Pará. Neste ano, já são 5.372. O crescimento
foi alarmante. O surto é real no estado. Infelizmente é o epicentro do surto.
Nossa meta é vacinar pelo menos 95% do público-alvo. Mas estamos bem abaixo, o
que nos preocupa. Por isso, negociamos com o Ministério da Saúde para estender
a campanha até dia 20. Apostando uma maior estabilidade com relação à covid-19,
de retomada das atividades de rotina por parte das unidades de saúde",
explicou.
Além das restrições por conta do cenário de pandemia da covid-19, o
Departamento de Epidemiologia faz avaliação sobre outras causas para a baixa
procura. "O sarampo é uma doença que estava erradicada no Brasil, pelo
menos há dois anos vivemos sem nenhum caso confirmado. Acaba que a população e
o próprio serviço de saúde dão uma afrouxada nesse monitoramento quanto à
prevenção", destacou Bruno Pinheiro.
"Associado a isso, tem o movimento de anticultura da vacina, por conta das
fake news, que falam da não eficácia e reações adversas. Mas não há nenhuma
evidência científica que comprove tal temeridade. O que é comprovado é que as
vacinas são eficazes e que representam a melhor prevenção. Estão gratuitas e
disponíveis em todas as unidades de saúde do estado", completou.
Fonte: João Thiago Dias/OLiberal