No Pará e em Belém, capital do Estado, ainda não há registro de caso de falsa aplicação de vacina contra a covid-19. É o que informa a Polícia Civil do Estado. Desde o início da vacinação contra o novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave - Sars-Cov-2), que começou no dia 17 de janeiro em São Paulo, o Brasil já registrou pelo menos quatro casos de falsa aplicação de vacina em três estados diferentes: Goiás, Alagoas e Rio de Janeiro.
Marilene Magalhães, que era professora e tem 60 anos, é filha da idosa Zenóvia Vasconcelos, 84 anos, que mora no bairro da Sacramenta, em Belém. Marilene conta que a mãe nunca sai sozinha, pois, por questões de cuidados, ela é sempre acompanhada por um dos filhos. E não foi diferente nesta quarta-feira (17), quando Zenóvia recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19, na Aldeia de Cultura Amazônica Davi Miguel (Aldeia Cabana), na avenida Pedro Miranda, na Pedreira.
“Eu mesma vim com ela e fiquei atenta na hora dela vacinar, porque a gente vê até casos em que há denúncias de parentes de idosos que receberam falsa vacina. Vim atenta mesmo e essa foi uma das minhas preocupações. Aqui foi tudo certinho, vi a profissional colocar a vacina na seringa, aplicar e apertar para entrar o líquido no bracinho da mamãe. O objetivo da família é que o idoso acorde cedo, se arrume, venha vacinar e fique imune. Caso um absurdo desse aconteça, é um desrespeito”, afirma Marilene Magalhães.
Em Belém, o diretor de Vigilância da Sesma, Cláudio Salgado, afirma que não chegou nada oficialmente à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Ele ressalta que o órgão municipal atua em um Grupo de Trabalho em conjunto com o Ministério Público do Estado (MPPA) e Ministério Público Federal (MPF), para que a vacina seja levada e aplicada com segurança no público que está como prioridade ainda neste momento.
“Não chegou nada até nós até este momento. As vacinas são distribuídas da melhor forma possível aos profissionais de saúde, idosos, até 84 anos, aos indígenas Warao (da Venezuela) e quilombolas. O que tiver de denúncia pode chegar para a Secretaria e pode entrar via Ouvidoria da Sesma, pela Polícia Civil, Ministério Público”, orienta Salgado.
Para ele, é importante que os idosos, familiares e responsáveis por eles estejam com atenção na hora da aplicação da vacina. Porém, o gestor público pede prudência.
“Agora, é preciso ter cuidado ao fazer uma denúncia desse tipo, porque por trás daquilo ali tem um profissional que está trabalhando. Então, eventualmente, pode haver algum equívoco de quem está olhando ou de quem filmando. Mas, claro, se chegar alguma denúncia para nós vamos apurar”, enfatiza Salgado.
O diretor de Vigilância da Sesma, frisa ainda que os profissionais de saúde estão orientados e treinados nesse sentido. “Antes de começarmos cada dia de vacinação temos sempre conversa com eles, já tiveram treinamentos antes. Então, tem toda uma preparação feita para isso e eles estão cientes do que têm que fazer”.
Além do mais, o diretor explica que a vacinação é feita em espaços abertos e de forma transparente. “Quem quiser pode vir checar, não tem nada escondido nem deve ter. A vacinação é um processo inclusivo e temos que ser mais claro possível. Não existe nenhuma necessidade nem ordem para esconder vacina”, esclarece Cláudio Salgado.
O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PA) foi contatado para falar do tema, mas ainda não se manifestou.
Quatro casos no Brasil são apurados em Goiânia, Maceió e Rio de Janeiro
Ainda segundo o site CNN, o Conselho Federal de Enfermagem apura denúncias desse tipo nas cidades de Goiânia (GO), Maceió (AL), Niterói e Petrópolis, ambos no Rio de Janeiro, onde enfermeiros não teriam finalizado a aplicação da vacina.
O caso mais recente, ocorrido na última sexta-feira (12), em Petrópolis (RJ), está sendo investigado também pela Polícia Civil.
Os três casos serão apurados e, se houver a confirmação, os profissionais envolvidos poderão perder o registro na categoria.
Fonte: Cleide Magalhães/OLiberal