A ocupação dos leitos em Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) na rede hospitalar particular de Belém chega a 98%. Já a lotação de
leitos clínicos está em 90%. A informação é do presidente do Sindicato
dos Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Estado do Estado do Pará
(Sindesspa), Breno Monteiro.
O representante da entidade, que reúne 17 hospitais, alerta que é
preciso máxima atenção para as medidas de prevenção da covid-19.
“Não tem leito, não conseguimos atender ao quantitativo de pessoas que procuram os hospitais. A pandemia está sob descontrole, e o número de pacientes que procuram é maior do que aqueles que saem. A última informação é que estávamos com 98% dos leitos de UTI ocupados. Dos leitos clínicos também estamos acima de 90%. Se a população não se conscientizar da necessidade do uso de máscara, de não aglomerar, do distanciamento social, vamos viver momentos muito duros”, adiantou.
Monteiro disse que a situação é caótica devido à alta
procura na rede privada. “Quando tem paciente em
um pronto-socorro que não consegue dar o atendimento adequado porque não
consegue ser transferido
para uma enfermaria, apartamento ou leito de UTI como você chama isso?
Como se pode interpretar isso? A situação é caótica. Todos os esforços
estão sendo feitos, mas a procura é maior do que a estrutura
preparada para atender”, apontou
O presidente do Sindesspa lembra quando se decretou lockdown há um ano houve diminuição de atendimentos, também por outros como acidentes de trânsito e violência urbana, porém ele considera que é preciso planejar bem qualquer medida para não ocorrerem impactos indesejados.
“Naquela época tinha os consultórios e as clínicas de diagnósticos que foram fechadas, então você não descobria um paciente com tumor cerebral, com uma coronária prestes a fechar. Esse paciente chega ao hospital e quer o tratamento. Não é justo com alguém que tem um tumor cerebral e dizer ‘olha vai ter que esperar atender todo mundo de Covid primeiro’. Quando você for tratar esse paciente ele vai estar em um estado mais grave, é tudo muito complexo”, atesta.
Pacientes
Ontem, familiares de pacientes denunciaram que eles
estão sendo acomodados nas cadeiras das salas
de medicação. O servidor público Adnilson Martins, 41, deu entrada na
Unimed Doca na última sexta (5)
com covid-19 e está internado em uma cadeira da sala de medicação aguarda
ndo leito. Adnilson entrou no hospital com a saturação de oxigênio em 85 e vem
tendo melhoras. A esposa dele, Jaqueline Sarmento, estava há dois dias sem
notícias.
Para ela, o hospital não se preparou para a alta
demanda: “Um ano nessa situação e não se prepararam? É um absurdo”. Jaqueline
disse que no sábado (6) não teve informação sobre o marido. “Somente após
reclamarmos é que os boletins médicos começaram a ser emitidos”.
Maria Silvana Correa, 77, está desde quinta (4)
internada na Unimed Doca. Ela que se trata de um câncer
e está na ala para pacientes graves. A família não tem previsão de
transferência. O filho Guilherme Correa reclamou: “Ela tomou duas bolsas de
sangue, mas tem que ir para um hospital fazer uma pesquisa de hemácias. O
médico mesmo disse que não tem como fazer isso aqui. Minha mãe não é
(caso de) covid, mas estava sem máscara ao lado de um paciente com covid”.
Laslye Câmara, 28, está com um abcesso no rosto há cinco dias na urgência. O caso, que seria de cirurgia, aguarda transferência.
Em nota, a Unimed Belém afirma que se solidariza com todas
as famílias neste momento de crescimento nos números da pandemia. “Na capital
paraense, a demanda de atendimento aos pacientes com casos suspeitos e
confirmados de covid-19 aumentou e, consequentemente, a taxa de ocupação de
leitos ficou
sobrecarregada”.
E prossegue: “Mesmo com a ampliação, nos últimos dias, dos leitos clínicos e de UTI, a demanda continua acima do comum, e, por isso, nesta semana, serão disponibilizados mais 59 leitos”.
O plano de saúde destaca: “Vale ressaltar que em nenhum
momento o atendimento aos beneficiários
foi interrompido e, para continuar oferecendo uma assistência com todo o zelo
necessário, haverá, muito brevemente, a construção de um hospital de campanha,
para suprir os casos excedentes que ainda deverão surgir.
Fonte: Vito Gemaque/OLiberal