Brasil vive uma segunda onda de novos casos da Covid-19 que tem se manifestado mais forte. Enquanto as doses das vacinas não chegam para a maioria, manter os cuidados – inclui usar máscaras - é fundamental para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
No Pará, o uso de máscaras é obrigatório. Inclusive, esta determinação é respaldada pela lei estadual nº 9.051/2020 que está em vigor há quase onze meses. Além disso, as medidas sanitárias que visam minimizar a propagação do coronavírus pelo território paraense estão respaldadas por decretos estaduais – entre eles o decreto nº 800/2020, que estabelece as regras de funcionamento para as atividades econômicas. O não cumprimento das regras pode resultar em multas que variam de R$ 150, no caso de pessoas físicas, a R$ 50 mil, no caso de empresas de qualquer porte.
Em quase um ano que estas medidas estão em vigor, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) já autuou 7.812 pessoas por descumprirem algum item do decreto ou por não ter obedecido a lei. A maioria destas multas é pelo não uso da máscara . Em Belém, o decreto municipal nº 96.170/2020 também obriga o uso de máscaras para quem estiver nas ruas, espaços públicos e dentro do transporte coletivo. Porém, ainda são muitos os moradores da cidade que não seguem a determinação. A fiscalização das normas sanitárias é feita tanto pelas polícias Militar e Civil quanto pela Guarda Municipal de Belém. A guarda aplicou 123 autuações no mês passado, a maioria em pessoas que não usavam máscaras e o restante por estabelecimentos comerciais não essenciais que abriram as portas durante o período de lockdown.
Em uma visita a espaços de maior fluxo de pessoas, como feiras e praças, é possível se deparar com homens e mulheres circulando sem máscaras. Tampouco, respeitam uma distância social mínima entre os que estão a sua volta.
O comerciante José César Silva, 18, trabalha na feira da Pedreira e diz que não retira a máscara para nada quando está no serviço. Ele lida com um grande público todos os dias. “A gente não sabe quem pode estar infectado. A pandemia mudou o comportamento da maioria dos clientes que atendemos nas bancas, mas muitos ainda resistem em usar máscaras e usar álcool”, comenta o rapaz.
O bairro onde ele trabalha e mora é o segundo de Belém que apresenta o maior número de casos confirmados de Covid-19. São 5.233 casos confirmados da doença na Pedreira. Entretanto, tanto na feira quanto ao longo da avenida Pedro Miranda, onde funciona um forte comércio de rua, o que mais se vê são pessoas circulando sem máscaras.
A atendente em um armarinho, que pediu para ter a identidade preservada, comentou que tem sido difícil orientar os clientes a não entrar sem máscaras no estabelecimento. “Alguns compreendem e colocam a máscara que está no bolso ou na bolsa deles. Outros são ríspidos quando a gente pede para colocar a máscara”, afirma. “Os clientes que são fixos já sabem e vem de máscara. Eu percebo que o que vem sem a máscara é aquele cliente que está passando por aqui e vê algo que precisa comprar”, completa.
Na Feira da 25, que fica em uma área limite entre os bairros do Marco e São Brás, o feirante que se identificou apenas como José disse que só trabalha de máscara, principalmente pela manhã, quando o movimento é maior. Ele trabalha com a venda de castanhas-do-Pará. “Além das quedas nas vendas, em quase 50% desde que a pandemia começou, houve também mudança no comportamento dos nossos clientes. A maioria pergunta se temos álcool em gel e a gente mostra que usa, além da máscara. Como trabalhamos com alimentos, temos uma responsabilidade maior de nos cuidar”, disse.
Questionado se ainda atende um grande público sem máscara, ele diz que os clientes têm perfil variado. No intervalo de tempo em que a reportagem permaneceu na feira, observou várias pessoas circulando sem máscaras, inclusive feirantes tiram o equipamento de proteção por alguns instantes.
Fonte: Denilson D'Almeida/OLiberal