As exportações de carne bovina do Pará caíram 12,9% em 2021 em volume de vendas, mas o faturamento do setor aumentou 2,44% no ano passado em relação a 2020.
O Pará exportou mais de 92 mil toneladas no ano de 2021, com ganhos de aproximadamente US$ 447 milhões, enquanto em 2020 vendeu ao mercado internacional pouco mais de 106 mil toneladas e faturou US$ 436 milhões.
A queda nas exportações paraenses está acima da média registrada em todo o Brasil, que foi de 7%. Já o aumento de receita do setor no estado está abaixo do registrado em todo o território nacional, que foi de 9%. Os dados são da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
O faturamento foi preservado apesar do volume exportado ter sido menor por conta do preço médio da tonelada de carne bovina, que subiu 18% em 2021, custando US$ 4.991 segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne.
Negócios com a China
Um dos principais baques econômicos para o setor 2021 foi o embargo da China, a principal consumidora de carne brasileira, que foi efetivado após dois casos suspeitos de doença da vaca louca.
Desde que o embargo caiu em dezembro, os prognósticos são cada vez mais otimistas na opinião do zootecnista Guilherme Minssen, que é diretor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará.
Ele aponta que as exportações já estão retomando a normalidade em 2022 e que há mercados novos para serem explorados pelo Pará.
"Queremos fortalecer o mercado asiático, como China e Hong Kong, que são grandes consumidores de carne, e entrar mais nos Estados Unidos, onde estamos trabalhando com carne da melhor qualidade. Temos outros países entrando como a Indonésia, além de reativar o mercado do boi vivo, esse sim foi atingido pela parada de aquisição por conta de problemas político na Turquia, que era um grande cliente nosso", afirma.
Melhores preços
Minssen observa que 2022 iniciou com bons pedidos não só no Pará, mas em todo o Brasil, fenômeno que se expande para além da carne bovina, englobando também a carne suína e de aves.
Na opinião dele, o reaquecimento do mercado internacional aumentará a produção e pode garantir melhores preços para o mercado internet. Só em 2021, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística registrou uma inflação de 25% para a carne bovina.
"As exportações são um balizador do mercado interno. Quanto mais exportamos, aumentamos mais a produção, aquecemos o mercado do bezerro que é a base do boi gordo, nós retemos mais matriz com mais vacas no pasto para comer. O Brasil tem alto consumo de carne e aqui no Pará temos carne de excelência, como por exemplo da fazenda Carioca, que produz a Brangus e que colocamos nos mais exigentes mercados do Brasil. A perspectiva, nesse sentido, é positiva", afirma.
No Brasil
As exportações de carne bovina brasileira aumentaram 32,2% nos primeiros cinco dias de janeiro em relação ao mesmo período de 2021, passando de 5,4 mil toneladas por dia para 7,1 mil toneladas por dia.
O lucro saltou de US$ 24,2 milhões de janeiro do ano passado para US$ 35,8 milhões nos primeiros dias de 2022. Os números positivos do início do ano são um termômetro que anima a Abrafrigo, que vê o fim do embargo chinês e o crescimento do mercado estadunidense como responsáveis pela alta.
Com preço médio por tonelada 12% maior do que em 2021, a receita média gerada para o setor subiu 48,1%.
“Em 2021 tivemos uma redução da oferta de gado, e essa redução acaba impactando nas vendas em volume. Por outro lado, houve boas vendas e manutenção de um bom ritmo de comercialização para a China, mesmo com a suspensão. No total do ano, 104 países aumentaram suas importações de carne brasileira, enquanto outros 68 reduziram suas compras”, afirma a entidade.
Principais compradores
Mesmo com uma redução significa nas importações (de 1,182 milhões de toneladas em 2020 para 950 mil toneladas em 2021), a China continua sendo o maior comprador da carne bovina brasileira, seguida pelos Estados Unidos.
Depois, o principal mercado internacional para exportadores brasileiros de carne em 2021 foi o Chile, com uma alta de 22,4%. Outros mercados de destaque e que seguem demandando em 2022 são o Egito (73.612 toneladas em 2021), Emirados Árabes (49.711), Filipinas (46.349) e Arábia Saudita (40.870).
Fonte: OLiberal