Das 20 áreas protegidas mais desmatadas da Amazônia — entre unidades de conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs) —, metade delas está no Pará. Os dados constam no mais recente estudo do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado nesta sexta-feira (17). A pesquisa aponta que o período de janeiro a maio de 2022 teve o pior índice de desmatamento da região amazônica em 15 anos. Foram 3.360 km² de devastação em 151 dias, o que, aproximadamente, equivale a 2 mil campos de futebol diariamente.
Apenas em maio, aponta o Imazon, foram desmatados 1.476 km² da Amazônia. Isso representa 44% do acumulado do ano e um aumento de 31% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em maio de 2021, o desmatamento foi de 1.125 km², pior marca para o mês em 14 anos.
O segundo estado que mais desmatou a Amazônia em maio foi o Pará, com 471 km² de destruição, o que representa 32% do total das áreas desmatadas na região. O estado só perdeu para o Amazonas, onde foram destruídos 553 km² de florestas, representando 38% do total desmatado da região. Os dados amazonenses mostram um aumento de 109% do desmatamento, em comparação a maio de 2021.
Mato Grosso, que ficou por quatro meses consecutivos como o estado que mais desmatou a Amazônia, ocupou a terceira posição em maio, com 196 km² (13%). Rondônia ficou em quarto, com 178 km² (12%).
Desmatamento em áreas protegidas
O Imazon destacou que o pior problema do Pará é o desmatamento em áreas protegidas. Seis das 10 UCs e quatro das 10 TIs mais desmatadas na Amazônia ficam em solo paraense. A gestão da maioria dessas áreas é federal. A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) para um posicionamento sobre as áreas estaduais.
Em relação às unidades de conservação, apenas a APA Triunfo do Xingu, que ocupa o topo do ranking das mais desmatadas na Amazônia, registrou 29% de toda a destruição no Pará. Foram 135 km² de matas destruídas. A terra indígena Apyterewa, que sofreu invasões de grileiros em maio, foi a mais desmatada da região, com 5 km² de floresta derrubados.
Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, alerta para o risco de novas quebras de recordes nos próximos meses por mais dois motivos: a seca e as eleições.
“Maio foi apenas o primeiro mês do período de seca na região, quando as ocorrências de desmatamento costumam se intensificar. Ainda temos mais todo o chamado ‘verão amazônico’ pela frente, que encerra entre setembro e outubro. Além disso, 2022 é um ano eleitoral, outro contexto que está relacionado com o aumento da devastação, pois as fiscalizações tendem a diminuir”, explica Carlos.
Em nota, o Imazon declarou que "...se soma a todas as pessoas e instituições que manifestam solidariedade às famílias de Dom e Bruno neste momento de extrema tristeza e indignação. Eles foram grandes companheiros na defesa da Amazônia e dos direitos humanos, que serão sempre lembrados com respeito e admiração".
"Por isso, o Imazon também se une ao movimento que exige justiça por Dom e Bruno. Esse crime precisa ser investigado com empenho e imparcialidade para que todas as pessoas envolvidas sejam identificadas e devidamente punidas. A impunidade não pode prevalecer na Amazônia", diz a nota.
Fonte: Alexandre Nascimento/DOL