O segmento de bares e restaurantes, um dos mais prejudicados pela pandemia da Covid-19, teve lucro acumulado nos últimos dois meses, após a retomada das atividades em 2022. Para chegar a esta conclusão, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Pará (Abrasel) pesquisou mais de 1.400 estabelecimentos, dos quais 37%, em julho tiveram a melhor receita do ano, ante a 35% do mês anterior. A expectativa é que sejam criadas até 100 mil vagas até o final do ano em todo o país.
Segundo a análise da entidade setorial, este resultado é animador, pois durante quase dois anos as medidas preventivas contra o novo coronavírus chegaram a atingir 97% desses empreendimentos, responsável por 4,32% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil.
“Estamos em retomada econômica, com a maior parte da população vacinada e sentindo-se segura para voltar às atividades de lazer. Fora que a pandemia mudou alguns comportamentos, temos mais vontade de socializar, de viver novas experiências e os restaurantes se enquadram perfeitamente para suprir essa necessidade”, explicou Isabela Lima, presidente da Abrasel no Pará.
Entre os que ficaram no prejuízo, os índices ainda são considerados altos: de 29% em junho, passou para 26% em julho. Para esta parcela que não conseguiu folga nas finanças, a inflação continua como a grande vilã, influenciando diretamente no aumento dos custos em alimentos, bebidas e outros insumos, e é apontada como principal fator para 75% dos que tiveram um resultado ruim.
No Pará, os empresários confirmam que agora estão conseguindo respirar melhor. “Não posso reclamar do mês passado e retrasado, pois o movimento foi bom. Mas estamos esperando o caixa engordar mais um pouco para chegarmos a um resultado satisfatório, pois tivemos perdas significativas com o fechamento dos nossos espaços em 2020 e 2021”, afirma Fernando Nunes.
Aumento da demanda cria novas oportunidades de emprego, com 35% das empresas informando que devem contratar novos funcionários até o final de 2022, e 54% esperam manter o quadro de empregados atual. Apenas 11% têm a intenção de demitir funcionários nos próximos meses para diminuir os custos.
Isabela Lima explica que as contratações geram responsabilidade social e para manter ou criar novas vagas, é preciso superar alguns desafios, entre elas a inflação.
“É preciso sanar, sobretudo, alguns compromissos firmados durante a pandemia, como aporte de sócios, empréstimos, ajuste de fluxo de caixa, inclusive em alguns momentos com redução de quadro”, detalha. “É visível que o pior já passou e que estamos vivendo dias melhores, mas não podemos esquecer que o futuro está pautado no planejamento de cenários, na austeridade e no binômio inovação/custo, desta forma poderemos pensar em mais contratações de forma estável e responsável”, concluiu a presidente da Abrape.
Bruno da Costa Rabelo, 37, atua como atendente em um restaurante na Estação das Docas, principal ponto turístico de Belém. Ele ficou sem trabalho quase dois anos e dependia apenas de auxílios assistenciais.
“Este ano, graças a Deus, voltamos a trabalhar e pelo que tenho percebido, o movimento está grande. A expectativa é que melhore ainda mais para que possamos sempre ter a garantia de um lugar para trabalhar”, contou o atendente. “Nosso setor é muito importante, seja para a economia do nosso estado, como para os paraenses que sempre buscam alternativas para fugir da rotina”, completou o colega de trabalho Edinaldo Júnior, 30.
Fonte: DOL