Ontem (25), os primeiros romeiros do Círio chegaram à Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré. O grupo “Irmãos de Fé”, composto por 50 pessoas, percorreu 78 km entre Castanhal e Belém como forma de demonstrar a fé e devoção pela padroeira dos paraenses. Na chegada, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré abençoou os devotos, que se uniram em oração. Ao final, os romeiros abriram uma roda e rezaram, mais uma vez, agradecendo pelas graças alcançadas.

O grupo foi criado em 2014 pelo empresário cearense Emanuel Ferreira, que ficou encantado com a procissão mariana. Após um tempo ajudando os peregrinos, ele sentiu vontade de seguir em caminhada como forma de se conectar com Maria. De início, apenas três funcionários toparam a ideia de caminhar de Castanhal até a capital do estado. Em 2016, quando entrou para o corpo da Guarda de Nazaré, sinalizou para os demais integrantes para que seguissem juntos em caminhada, o que foi amplamente acatado.

Às 16 horas, o grupo inicia a caminhada a partir do monumento de Cristo Redentor de Castanhal, com chegada entre 12h e 13h do dia seguinte, na Basílica de Nazaré, totalizando 20 horas de caminhada. Durante o trajeto, os peregrinos fazem paradas de 15 a 20 minutos em pontos estratégicos da BR-316 apenas para comer e ir ao banheiro, sem tempo para dormir à noite. Em cada parada, o grupo faz as orações e reza os terços da misericórdia, mariano e, também, o rosário. Atualmente, a peregrinação conta com 50 romeiros, maioria membros da Guarda de Nazaré. Este ano, 35 conseguiram chegar a Basílica juntamente com o grupo.

No oitavo ano de caminhada, Emanuel revela que o esforço é uma forma de agradecimento pela ligação com Maria. “Quando eu cheguei aqui eu não tinha nenhuma ligação coma igreja e Nossa Senhora, através do Círio, me puxou para dentro da igreja. Hoje eu tenho um profundo agradecimento por essa minha conversão. Não existe uma promessa que eu tenha feito, mas sim um reconhecimento de que Ela me levou até Cristo. Na nossa caminhada, o objetivo principal é evangelizar. Então, se eu puder ter tocado uma pessoa que viu essa procissão, essa caminhada, isso já valeu meu esforço de estar aqui”, contou.

Segundo o organizador da caminhada, os quinze dias de antecedência em relação ao Círio chama atenção de quem os vê passar, mas tem o objetivo de resguardar o preparo físico e espiritual dos guardas da santa para fazer o isolamento necessário durante as procissões. “É para dar tempo da gente se recuperar porque cai uma unha, dá bolha nos pés, machuca em algum lugar. Então, a gente tem quinze dias para se recuperar para poder trabalhar no Círio, que também exige bastante da gente. É um esforço físico muito grande, então a gente precisa desse tempo de descanso”, explicou Emanuel.

GRAÇA

Dos oito anos de história, Rossi da Silva, 57, participa de seis edições da caminhada. Carregando uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré nas mãos, ela segue o trajeto há 5 anos dessa forma. A imagem simboliza os agradecimentos pela compra de uma casa, graças alcançadas para o filho que é guarda de Nossa Senhora de Nazaré. Além de agradecer à Santa, ela pede pela saúde dos netos e do marido.

Para Rossi, a caminhada mais do que uma forma de ser grata por uma promessa, mas de agradecer pela ligação de anos que tem com Nazinha. “Isso é tudo pela fé. A fé move montanhas. Eu tenho muita fé, sempre peço e agradeço por conseguir tudo o que peço com fé. Por intermédio dos meus amigos, pela força que eles nos dão, a gente cria mais força, a gente tem mais vontade de participar, cresce mais a fé em acreditar que a gente pode junto com Ela, a gente consegue. Se você tiver fé, você consegue. Tudo o que eu peço eu consigo”, afirmou.

Fonte: Irlaine Nóbrega/Diário do Pará