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Familiares de vítimas repudiam soltura de piloto da lancha

Publicada em 03/11/22 às 08:43h - 60 visualizações

por Rádio Nativa FM 92.5 Irituia


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 (Foto: Rádio Nativa FM 92.5 Irituia)

Quase dois meses se passaram desde o dia 8 de setembro, data marcada pelo naufrágio da lancha Dona Lourdes II nas proximidades da Ilha de Cotijuba, em Belém. A tragédia, que vitimou 23 pessoas, ainda segue sendo apurada pelas autoridades, que buscam entender o que ocorreu naquela manhã.

A Justiça, por sua vez, busca penalizar os responsáveis pelo acidente. Porém, um parecer do Ministério Público do Pará (MPPA) não foi bem recebido pelos familiares das vítimas do naufrágio.

No início da tarde desta quarta-feira (2), o MPPA recomendou a soltura de Marcos de Souza Oliveira, de 34 anos, comandante e dono da lancha Dona Lourdes II, para que ele responda o processo em liberdade.

Seguindo a orientação jurisprudencial, após reavaliação do decreto preventivo que levou Marcos à prisão no dia 13 de setembro, as autoridades chegaram à conclusão de que a prisão provisória dele não é mais necessária. Portanto, o piloto pode ser solto a qualquer momento.

Imediatamente após a repercussão da determinação do MPPA, parentes de Ananda Luiza Barreto da Silva, de 18 anos, se manifestaram contra a decisão de libertar Marcos.

Em entrevista à repórter Cácia Medeiros, da RBATV, Denilson Barreto, irmão de Ananda, demonstrou indignação pela soltura do comandante. “É revoltante e triste demais saber que foi emitido esse parecer favorável à soltura dele, visto que ele é responsável direto pela morte de 23 pessoas, que foram 23 sonhos e planos interrompidos, e um deles era o da minha irmã. É muito revoltante para mim, para minha família, assim como para todas as outras famílias que perderam seus entes queridos. Eu quero justiça e que ele permaneça atrás das grades”, comenta.

Denilson explica, ainda, que, no dia do naufrágio, ele aguardava pela chegada da irmã em Belém pois, naquela data, ela estaria vindo à capital paraense para participar da cerimônia de formatura dele. “Quando cheguei no terminal, recebi a notícia do que tinha acontecido. Naquele momento, não quis nem saber mais da formatura. Só queria saber do paradeiro da minha irmã”, afirma.

Sobre os dias após a morte da irmã, o jovem conta como tem sido a rotina depois da tragédia. “É um vazio que a gente sabe que não vai ser mais preenchido. É uma dor que a gente tenta ressignificar, mas ainda é muito recente. Receber essa notícia da soltura do piloto da lancha neste Dia de Finados é revoltante demais, já que este dia remete à saudade e ao luto por nossos entes queridos que já não estão mais aqui”, desabafa Denilson.

O advogado da família de Ananda, Marco Pina, relata surpresa pela decisão do MPPA em libertar Marcos de Souza Oliveira. “Sinceramente, muita surpresa. A gente respeita a decisão, porém, pela recenticidade do caso, pela gravidade da conduta do acusado, pelo modo que ele agiu, dando indicativos que iria fugir antes de ser preso, é uma surpresa que este parecer tenha sido dado”, explica.

Além disso, Pina acredita que há um sério risco de, caso a recomendação do MPPA seja atendida pela juíza do caso, o comandante possa fugir logo após conquistar a liberdade.

“Há o risco concreto e iminente de uma fuga. A situação processual do Marcos é muito complicada. Envolve 23 vítimas e todo um processo que nem se iniciou a ação penal, porque a juíza ainda vai receber a denúncia [...], então existe muita coisa em jogo. E, pela conduta dele anterior à prisão, eu acredito que, se colocarem ele em liberdade, isso vai fazer com que o Marcos possa sumir do mapa”, defende o advogado.

 

RELEMBRE O CASO

No dia 8 de setembro, uma lancha de transporte de passageiros naufragou nas proximidades da Ilha de Cotijuba, em Belém. O acidente vitimou 23 pessoas e outras 66 foram resgatadas com vida.

Na ocasião, o proprietário da embarcação irregular, Marcos de Souza Oliveira, era quem pilotava a lancha e, após o acidente, fugiu e só foi localizado dias depois, quando foi preso na casa de parentes em Ananindeua.

Antes da prisão, Marcos falou sobre o acidente por meio de um vídeo publicado nas redes sociais. No vídeo, ele explica como tudo aconteceu momentos antes do acidente.

O empresário já trabalhava com transporte de passageiros e já teve duas embarcações irregulares apreendidas (Clicia e Expresso), além de já ter sido autuado várias vezes pela Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon) e pela Marinha do Brasil.

Ananda Barreto era uma jovem universitária que cursava Engenharia Florestal na Universidade Federal Rural da Amazônia. No dia do naufrágio, ela vinha a Belém na companhia do pai, José Luís Rodrigues da Silva, de 63 anos.

Os corpos dela e do pai só foram encontrados dias após o naufrágio. Um fato que chamou a atenção no caso de Ananda e José foi o fato dos dois terem entrado em contato com familiares antes e durante os momentos que provocaram a tragédia, com Ananda, inclusive, se despedindo da família por mensagens de texto.

 

Fonte: Cácia Medeiros/RBATV/DOL




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