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Médicos denunciam crise na saúde municipal de Belém

Publicada em 24/11/22 às 08:58h - 60 visualizações

por Rádio Nativa FM 92.5 Irituia


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 (Foto: Rádio Nativa FM 92.5 Irituia)

A gestão da saúde pública de Belém demonstra sinais de crise em várias frentes. Pela segunda vez em menos de um mês, trabalhadores por contrato se veem sem pagamento por falta de repasses da Prefeitura às empresas e organizações sociais que prestam serviços à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Em toda a rede, faltam medicamentos e insumos básicos, o que expõe a falta de planejamento frente a uma crise de abastecimento que já se desenhava desde o começo do ano. Sem a estrutura adequada para serviços tão delicados e complexos, pacientes padecem com atendimentos precários e insuficientemente seguros, como detalha o Sindicato dos Médicos do Estado do Pará.

Em postagem no site da entidade, o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) informa que documento formulado pela Coordenação da Clínica Médica do Hospital e Pronto Socorro Municipal Mario Pinotti detalha o atual cenário em que a unidade se encontra. "Faltam insumos e medicamentos, entre material para coleta de exames até medicações sintomáticas. Soma-se a isso as constantes paralisações entre as especialidades que deixam a equipe exposta e incapaz de ajudar os pacientes. O Sindmepa já solicitou fiscalização ao Conselho Regional de Medicina e enviou diligência ao Ministério Público Estadual e à Sesma".

Segundo o comunicado, "as denúncias que chegam ao Sindmepa detalham a falta de itens básicos e indispensáveis, como soro fisiológico, glicose e soro glicosado, antibióticos como clindamicina, ceftriaxona, cefepime, cefalexina, vancomicina e ampicilina, dentre outros, além de outras categorias de fármacos e materiais, inclusive simplórios, como luvas".

De acordo com o documento, cerca de 60% dos pacientes internados aos cuidados da Equipe da Clínica Médica do Hospital estão em uso de antimicrobianos, "entretanto com a falta de medicamentos se torna irresponsável admitir pacientes que necessitem desse tipo de internação". "Pacientes que procuram internação hospitalar em decorrência de infecções, na maioria das vezes, ou já tentaram tratamento via oral sem sucesso, ou estão em estado grave necessitando de medicação endovenosa. Pois a capacidade de resolubilidade com as opções disponíveis está reduzida".

Como frisa o Sindmepa, o HPSM Mário Pinotti é referência para patologias vasculares que necessitam de intervenção cirúrgica. Contudo, a equipe de Cirurgia Vascular encontra-se reduzida. O documento ainda relata "constantes problemas técnicos no elevador do Bloco B ou nas mesas do bloco cirúrgico que fez com que a frequência desses procedimentos que auxiliam na contenção das infecções reduzisse drasticamente, levando a um agravamento do quadro dos pacientes que procuram o hospital".

“E isso, somado a ausência de opções para escalonamento antimicrobiano levará à alta morbimortalidade hospitalar, sem falar em tempo de internação e necessidade de leitos críticos, que são outros indicadores de qualidade de assistência e impactam nos custos hospitalares”, como divulgado no documento do Sindmepa.

O atual cenário prejudica tanto a população quanto os profissionais que se dedicam diariamente às suas funções, como pontua o sindicato. O Sindmepa informa que tem tomado providências acionando os órgãos competentes na busca de soluções para os problemas, inclusive, com a recomendação de um gabinete de crise, incluindo medidas jurídicas para acelerar a aquisição dos medicamentos e insumos faltantes, com a participação do próprio sindicato e ampla divulgação à categoria médica e à sociedade civil.

 

Fiscalização

O CRM-PA informou, nesta quarta-feira (23), em Nota, que este ano já foram realizadas fiscalizações por este Órgão no HPSM Mário Pinotti, no HPSM do Guamá e nas unidades de saúde da Grande Belém. "Ressaltamos que, assim como as demais fiscalizações que são feitas em Belém e nos municípios do Estado, o CRM do Pará adota todas as medidas que forem necessárias e dentro de nossas atribuições legais para resolver a situação. Todos os relatórios das fiscalizações realizada pelo CRM-PA são encaminhados para órgãos competentes para providências. Este Regional, como já dito, sempre adotou todos os meios necessários visando o bom atendimento à população e para as melhores condições aos profissionais", comunicou o Conselho.

 

Sufoco

Ainda na tarde desta quarta-feira (23), uma vendedora de roupas, 29 anos, macapaense que está em Belém há poucos meses, externou uma situação de angústia. Sem se identificar, ela contou que se sentiu mal e, então, compareceu ao Hospital do Pronto Socorro Municipal da travessa 14 de Março, em busca de consulta com um neurologista. "Não tem neurologista e cardiologista, me mandaram para o Hospital São Miguel, no Guamá", relatou a paciente.

Ela disse que viu muita sujeira no interior do HPSM 14. "Nos banheiros, nos corredores, gente jogada perto do banheiro, no chão, e com a reportagem acho que de vocês, estavam tirando metade do pessoal de lá", destacou a denunciante que mora no bairro do Jurunas.

Ela passou cerca de um hora no hospital, e no entanto não chegou sequer a ser medicada. "O tempo que eu passei aqui foi para nada", exclamou a paciente na frente do Pronto Socorro Municipal. Ao relatar que continuava sentindo o mesmo mal-estar, a mulher disse que não tomou nenhuma medicação, "porque não tem medicação, não tem nem soro".

Uma senhora, comerciante, de 28 anos de idade, no bairro do Telégrafo, sem se identificar, que também se encontrava na frente do HPSM 14, relatou que viu no corredor do hospital "um senhor idoso em uma maca gelada, com um cobertor por cima que ele trouxe da casa dele, e uma outra moça estava lá se batendo, como se tivesse dando um ataque nela, não tinha nenhum enfermeiro perto, só o acompanhante mesmo".

 

Protestos

A crise na saúde municipal foi traduzida nesta quarta-feira (23) por dois protestos. Um foi a paralisação dos trabalhadores de serviços gerais no HPSM 14. A categoria reivindica o pagamento de salários em atraso. Se a pendência não resolvida de imediato, a situação tende a se agravar.

Outra manifestação foi realizada na frente do Centro em Atenção em Doenças Infecciosas Adquiridas(Casa Dia), no bairro da Sacramenta. O protesto mobilizou representantes do Fórum Paraense de ONGs/AIDS, Redes+, Coletivos de Hepatites Virais e Tuberculose, para apontar falhas na política de IST/AIDS e Hepatites Virais no município de Belém. Eles argumentam que falta atendimento para a pessoas vivendo com HIV/AIDS atendidas na Casa Dia, denunciando que existe, no serviço de atendimento especializado da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), há somente cinco médicos para cerca de 10 mil pessoas com esse perfil em Belém.

 

UPAs

Os problemas na rede pública municipal de Saúde se estendem até as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Uma estudante de Economia, de 23 anos, na frente da UPA do Jurunas, na passagem Esperança, relatou que recentemente passou por momentos de aflição no local por causa de falha no atendimento à mãe dela, uma senhora idosa de 75 anos.

Crise de gestão atinge funcionamento das UPAs em BelémCrise de gestão atinge funcionamento das UPAs em Belém (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

"Em outubro, eu vim aqui com a minha mãe, ela estava com pressão alta, sentindo que poderia ter um AVC (Acidente cárdiovascular), e nós chegamos aqui às 17 horas", disse a denunciante. "Fizeram o atendimento, mas na hora de o médico liberar, ele não quis liberar porque ele deu prioridade para outros atendimentos, que demoraram, e quando trocou de plantão, o médico que era do segundo plantão não quis se responsabilizar. Ela precisava de uma medicação para voltar para casa, e ele não tinha nem o receituário nem como imprimir, papel para imprimir, então ele escreveu em uma folha de papel e a liberou, mas isso já às 20 horas", contou.

A filha da paciente disse que tiveram de ficar pedindo para o médico passar uma medicação para que a senhora pudesse retornar ao lar. "Ele ficava se esquivando, jogando a responsabilidade para o médico que era do plantão anterior", afirmou. "O atendimento dessa UPA aqui é muito ruim. Para melhorar, precisa de agilidade, porque quando eles passam a medicação e vai para a Enfermaria, você pode estar com muita urgência, demora para ser atendido, como se você não fosse urgência", completou.

O mau atendimento em UPA não se restringe a do Jurunas. A de Icoaraci também apresenta falhas nesse sentido, como apontou, nesta quarta-feira (23) à tarde uma profissional do ramo de estética na UPA da Marambaia. Moradora do bairro Parque verde, ela relatou que "quando preciso de UPA  venho para cá, porque o atendimento na de Icoaraci é péssimo". Recentemente, os médicos UPAs do Jurunas e da Marambaia estiveram em greve desde final de setembro até o começo de novembro, para reivindicar salários atrasados, o que atingiu a prestação de serviços à população.


Fonte: OLiberal




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