O Brasil registrou 1.378.505 casos de dengue até o último dia 12 de novembro deste ano - período correspondente que fecha na Semana Epidemiológica (SE) 45. O número, que é o mais recente, representa um aumento de 180,5% no comparativo com o mesmo intervalo de 2021. Os dados são do Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde (MS). Dentro dessa situação, o cenário do Pará também é preocupante: o estado teve uma elevação de 58,9% nas ocorrências na respectiva semana, conforme indica a Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), sendo agravado pelo início do período de chuvas no local.
Apesar da situação, o Norte é a região com menor incidência de casos de arboviroses - doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos -, sendo o Centro-Oeste o líder do ranking na contagem de registros até a SE 45, de acordo com o Boletim do MS. Porém, dos estados nortistas, o Pará está na terceira posição dos que mais tem ocorrências de dengue e zika e é o segundo com mais pessoas diagnosticadas com chikungunya, todas patologias vindas do Aedes Aegypti - vetor que é proliferado através de água parada em recipientes.
Parauapebas, Conceição do Araguaia e Santarém elencam os municípios do Pará com mais casos de dengue. A constatação é da Sespa. O período de chuvas é considerado um contingencial para as arboviroses, que estão presentes o ano todo, mas configuram aumento significativo entre novembro de um ano e julho do outro - o chamado ‘Inverno Amazônico’. Aline Carneiro, coordenadora de arboviroses da secretaria, explica que a elevação de casos já vem sendo observada. “Os informes já vêm configurando um aumento, principalmente de dengue. Esse é um movimento nacional”, avalia.
As medidas de proteção que devem ser adotadas, como os cuidados com o armazenamento de água e a limpeza dos recipientes, são importantes para prevenir novos casos.
“Já começamos os preparativos em julho deste ano: pedimos aos municípios prevendo o que os nossos vizinhos, Tocantins e Goiás estão configurando, um aumento de casos. Como são nossos vizinhos, temos que começar a nos preparar. Então, começamos a fomentar as ‘salas de situação’ para arbovirose, em que a gente discute os dados, o que que naquele momento eu posso fazer para melhorar”, detalha.
A conscientização é uma das principais medidas que precisam ser postas em prática para diminuir a incidência de arboviroses. Água parada é risco certo para as doenças. Apesar da situação da dengue, zika e chikungunya não representam um perigo, visto que seguem com os casos controlados. “O que a gente tem feito de campanha, principalmente desde a pandemia, é isso. Se você tiver um surto dessa doença, você vai ter junto as outras doenças que circulam nessa época. É necessário que as pessoas façam a verificação semanal de suas casas, demora em torno de 10 minutos”, diz Aline.
Família muda rotina de casa para prevenir contra as doenças
Maria de Fátima Brandão, de 58 anos, é dona de uma loja de variedades e dedica parte do tempo ao cuidado de plantas. Na casa dela, foi preciso cimentar o piso do pátio e do quintal para evitar que o mosquito fosse proliferado. Além disso, uma vistoria diária nos pontos que podem acumular água é feita, mas a situação da rua em que mora não é das melhores para evitar o cenário.
“E eu uso caixa de gordura bem tampada, meu quintal é sequinho, tenho plantas de vaso, mas elas não têm vasilhas em baixo, deixo umas penduradas e outras no chão. A gente cuida da gente, mas a situação da rua é complicada”, afirma.
Diferenças entre as doenças
→ Dengue: febre alta, dores de cabeça e no corpo, prostração, fraqueza, erupção e coceira no corpo. Pode haver perda de peso, náuseas e vômitos;
→ Zica: tem como principal sintoma a erupção na pele com coceira, febre baixa (ou ausência de febre), conjuntivite, dor nas articulações, dor nos músculos e dor de cabeça. Normalmente os sintomas desaparecem após 3 a 7 dias;
→ Chikungunya: dores musculares e nas articulações, febre, dor de cabeça e erupção na pele. Os sinais costumam durar de 3 a 10 dias.
Como prevenir
A única forma de evitar essas três doenças é com o combate do mosquito, por meio da eliminação dos criadouros nas casas, no trabalho e nas áreas públicas. Portanto: procurar por focos de água parada em quintais, terrenos baldios, caixas d’água, pneus, vasos de plantas e tudo que possa acumular líquido. Lavar bem os recipientes antes de trocar a água é necessário, pois os ovos do Aedes Aegypti, mosquito causador das doenças, podem ficar presos na parede dos materiais.
Fonte: Camila Azevedo/Oliberal