O Pará chegou a 102 casos de Mpox, como informou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) nesta terça-feira (20). Belém continua sendo a líder de casos da doença, com 70 registros. Ananindeua aparece em segundo lugar, com 17 pessoas que contraíram. Por enquanto, o estado não tem registros de mortes pela doença. O Brasil é líder em número de óbitos por Mpox no mundo, junto aos Estados Unidos, aponta a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).
Os demais casos de Mpox no Pará foram registrados em Santarém (4), Marituba (3), Barcarena (1), Paragominas (1), Marabá (1), Acará (1), Benevides (1), Itaituba (1), Parauapebas (1), e Portel (1). Outros 120 casos já foram descartados pela Sespa. Há um caso suspeito em investigação, mas a secretaria não especificou onde. "O acompanhamento e monitoramento dos pacientes são feitos pelas secretarias de saúde municipais", diz nota do órgão estadual.
Durante o 57º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Medtrop), realizado na capital paraense, entre os dias 13 e 16 de novembro, um dos temas de grande destaque foi o Mpox - atual nomenclatura da doença anteriormente conhecida como “varíola dos macacos”, após recomendação do Organização Mundial da Saúde (OMS). Contudo, a pergunta sobre quando o Brasil vai iniciar a campanha de vacinação, que tomou conta do debate, não obteve nenhuma resposta oficial do Ministério da Saúde.
Apesar da pasta ter anunciado, em setembro, a aquisição de 50 mil doses do imunizante contra a doença, o País recebeu apenas a primeira remessa com 9,8 mil doses. A previsão é que as demais cheguem até o final deste ano. Enquanto isso, Estados Unidos e Brasil lideram o ranking mundial de mortes (20 e 14, respectivamente, dos 65 óbitos registrados). No dia 15 deste mês, o infectologista Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), um dos palestrantes do Medtrop, comentou sobre o panorama paraense à reportagem publicada em O LIBERAL sobre o congresso.
“Os estados mais distantes da região sudeste, como é o caso do Pará, tiveram alguns meses de atraso em relação à contaminação pelo vírus, mas a gente já observa um aumento de casos também neles”, conta o também pesquisador. Apesar do risco de transmissão por via de gotículas de saliva, características do clima amazônico como a umidade e a transpiração não são fatores de risco para a varíola dos macacos. “O suor não contamina, mas o contato pele a pele sim. Então, se eu tenho uma pessoa infectada, eu vou abraçar, vou ficar junto com essa pessoa tendo contato de pele, por exemplo, para assistir TV no sofá, isso transmite. Agora, a gota de suor não”, explicou.
Imunizante
No Brasil, levantamento da SBI mostra que a maioria das vítimas fatais de monkeypox viviam com HIV na fase de Aids: dez dos onze casos. Diante do cenário e da escassez de vacinas no mercado internacional, a recomendação da entidade é destinar as doses para pessoas com HIV, que estão com células de defesa linfócitos CD4 menor que 350. A reportagem solicitou informações sobre a falta de vacina para o Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa), mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Fonte: Victor Furtado/OLiberal