O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (11) a Pesquisa Mensal do Comércio, referente ao mês de novembro de 2022. Os dados mostram que o volume de vendas do comércio varejista cresceu 4,7% no acumulado do ano (janeiro a novembro), na comparação com o mesmo período de 2021. Entretanto, se considerado apenas novembro, na comparação com outubro, houve queda de 2,6%.
No Brasil, o cenário foi parecido. No mesmo período, o volume de vendas do comércio varejista caiu 0,6%, frente a outubro. No acumulado de 2022, o crescimento foi de 1,1%. Para a Federação do Comércio do Estado do Pará, o resultado positivo já era esperado, inclusive com taxa até mais otimista. “Os estudos da Fecomércio estimam que no ano todo de 2022, os dados contabilizados do volume de vendas do comércio varejista, quando concluídos, sistematizados e divulgados, vão demonstrar que o desempenho das vendas em 2022 deve ser superior na faixa entre 4% e 5,5% às vendas realizadas em 2021”, disse a entidade por meio de nota.
Já o empresário e presidente da Associação de Lojistas do Shopping Boulevard, Thiago Guimarães, afirmou que o saldo positivo do setor não foi suficiente para cobrir os custos de operação. “De fato, no período de janeiro a novembro, as vendas cresceram nos patamares indicados pela pesquisa, chegando a ser registrado percentuais superiores em alguns setores e em determinadas operações; entretanto, o crescimento referido somente em poucos casos superou a correção monetária incidente sobre os custos operacionais do negócio nesse período”, analisa.
Sobre a retração das vendas no mês de novembro, Thiago acredita que os jogos da Copa podem ter influenciado. “A queda das vendas em novembro pode ser atribuída a eventos circunstanciais, como o fim das eleições e o início da Copa do Mundo”, afirma o lojista do setor de vestuário.
“O setor varejista conseguiu performar acima do esperado em 2022, fechando o ano de forma positiva, especialmente se considerar na análise o primeiro trimestre, quando o setor foi abatido pelos efeitos de uma onda de covid-19 que fez o consumidor deixar de frequentar ou reduzir a frequência em shopping, esfriando o consumo no setor”, comenta Thiago.
Para a Fecomércio, essa retração pode ter sido influenciada por um conjunto de fatores. “Importante considerar o fator sazonal na comparação de novembro com outubro, visto que o mês de outubro, que é a base de comparação para calcular essa variação de -2,6% em novembro, é um mês de estímulos às vendas local, dado o Círio de Nossa Senhora de Nazaré e tudo que o envolve em termos de festividades e turismo; e também o Dia das Crianças, portanto, há um movimento diferente no comércio. Por consequência, as vendas foram maiores que novembro”, esclareceu a entidade.
“Outro fator que contribuiu para a retração foi o nível de endividamento das famílias e comprometimento da renda mensal já com compras realizadas anteriormente e parcelas a vencer mensalmente. Nossa pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor indica que no mês de novembro, 61,2% das famílias estavam endividadas, destas 25% inadimplentes e já tinham comprometido 31% da renda mensal com compras parceladas realizadas anteriormente por pelo menos 6 meses à frente. Isso limita as compras por parte dos consumidores”, expõe a Fecomércio.
Por último, a federação cita a elevação das taxas de juros e dos preços. “Em novembro as taxas de juros estavam mais altas e também houve aumento da inflação. Fator que também limita parte das compras. É possível que as questões atípicas de ser um ano de eleição, também tenham influenciado para maior cautela dos consumidores e não por isso, não tenham antecipado em grande volume às compras de natal, como geralmente ocorre nos meses de novembro”, finaliza.
Setores
De acordo com os dados do IBGE, os segmentos do comércio, cujos consumidores utilizam-se de compras parceladas para as aquisições, foram os que registraram resultados negativos, com decréscimos no volume de vendas menores no período de janeiro a novembro de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, como: eletrodomésticos(-11,1%); material de construção (-8,9%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,4%); móveis( -7,5%); e veículos, motocicletas, partes e peças ( -1,8 %).
Por outro lado, os seguintes segmentos apresentaram desempenhos positivos quanto ao volume de vendas: combustíveis e lubrificantes (16%); livros, jornais, revistas e papelaria (16,9%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7%); equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (1,8%); tecidos, vestuário e calçados (1,7%); e hipermercados e supermercados (1,2%).
Fonte: Daleth Oliveira/OLiberal