O protagonismo local e a integração das políticas públicas de cultura, meio ambiente e educação foram pautas abordadas nos dois painéis realizados na tarde desta segunda-feira (7), durante o Fórum Internacional de Cultura, Sustentabilidade e Cidadania Climática, no Teatro Gasômetro, em Belém, em meio às discussões prévias à Cúpula da Amazônia, que começará nesta terça-feira (8).
O debate sobre cultura e educação teve as participações do secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares; da jornalista Marta Porto e do professor e economista João Cláudio Arroyo. A mediação foi de Joana Machado, coordenadora de Educação do Campo das Águas e das Florestas do Pará.
“O ponto-chave é enxergarmos esse momento de mudança global como uma oportunidade para conseguirmos plasmar uma cultura que participe ativamente da vida de crianças e jovens, através de políticas públicas e iniciativas comunitárias”, defendeu Marta Porto, enfatizando que a cultura é essencial para resolver dilemas entre identidade e alteridade. “A educação deve estabelecer uma relação de alteridade com o outro, evitando a violência e a brutalidade”, acrescentou.
Educação integral - A jornalista e crítica cultural destacou ainda a importância do Programa de Educação Integral lançado recentemente pelo Governo Federal, além da necessidade de promover práticas de bem viver para vencer os desafios da sociedade. “A cultura tem o poder de iluminar esse processo e estimular a curiosidade e a capacidade de enxergar o outro para resolver conflitos de maneira mais harmoniosa”, afirmou Marta Porto.
O secretário Rossieli Soares destacou o Projeto de Educação Ambiental, em fase de implementação no Pará, e que oportunizará uma aula por semana para estudantes do ensino básico sobre meio ambiente, sustentabilidade e clima. “Esse é o primeiro caso no Brasil e, até onde pesquisamos, o primeiro caso no mundo em que todo o ciclo da educação básica inclui essa abordagem, desde o primeiro ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio. E isto sob a perspectiva daqueles que vivem na floresta, como os ribeirinhos e os moradores das ilhas”, informou.
Transversalidade – O quarto e último painel do Fórum debateu o tema “Políticas Públicas Integradas para uma Cultura Climática e de Sustentabilidade”. A mediação foi de Valéria Kurovski, secretária Executiva de Cultura do Tocantins, que propôs uma reflexão acerca do papel da cultura na construção de um modelo social sustentável.
“A cultura está presente em todas as outras áreas, até mesmo naquelas em que achamos erroneamente que não tem relação. E essas discussões propiciadas pelo 'Diálogos Amazônicos', e no Fórum, reforçam a possibilidade de enxergar isso. Todas essas reflexões tão cheias de informações e, ao mesmo tempo, de interrogações, devemos levar para as nossas vidas, nossas casas, para que possamos avaliar e analisar, e nos fortalecer neste processo que é fazer cultura”, disse Valéria Kurovski.
Jan Moura, painelista e secretário adjunto de Cultura de Mato Grosso, frisou que “muitas vezes ficamos presos em uma visão eurocentrada das artes. Mas cultura é muito além disso. Ela se manifesta no mundo das artes, mas está longe de se fixar nelas. A gente começa a entender que o trabalho com as outras camadas da sociedade, com os outros recortes da sociedade, são fundamentais para a nossa política”, ressaltou.
Também participaram do painel Marcos Apólo, secretário de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, e Márcio Tavares, secretário Executivo do Ministério da Cultura. O momento também propiciou ao público fazer perguntas aos palestrantes.
Compromisso - No final da tarde, a secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, e os demais secretários e secretárias de Cultura da Amazônia Legal lançaram uma carta com os desafios e apontamentos dos gestores para a cultura da Amazônia, consolidando o compromisso dos participantes com o futuro da região. A leitura da carta teve novamente a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
“É importantíssimo que esse Fórum esteja acontecendo no Pará, principalmente porque essa visão sobre a sustentabilidade, sobre essa nova maneira de ver a vida, nos seus resgates do próprio ser humano, que passa pela Amazônia. E o Pará condensa tudo isso na sua cultura, na sua expressão, nas suas culturas ribeirinhas, provocando a sociedade a refletir sobre a importância da sustentabilidade para a vida humana”, disse a ministra.
A secretária Ursula Vidal, destacou a oportunidade de receber a titular do Ministério da Cultura na programação. “É uma honra para nós receber a ministra Margareth Menezes, que é uma lutadora da cultura, além de ser uma artista e ativista cultural, e percebe que essa nossa Amazônia reverbera para o mundo por meio do protagonismo das suas vozes”, completou.
Fonte: Agência Pará