Entre as cinco regiões do Brasil, a Região Norte foi a que apresentou a maior taxa de mortalidade de crianças durante os primeiros cinco anos de vida, ou seja, 19,7 a cada 1.000 crianças nascidas vivas. Essa informação foi revelada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (10), durante o lançamento da publicação Criando Sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 – Caderno Desigualdades. De acordo com a pesquisa, em 2000, essa taxa já foi de quase 40. Naquele ano, o Nordeste tinha os piores indíces, com taxa de 41 mortes para cada mil nascidos vivos. No estudo, foi verificado que o país como um todo apresentou uma redução na taxa de mortalidade dessa faixa etária, caindo de 30 para 15 mortes para cada mil nascidos vivos, entre os anos de 2000 e 2022.
Na publicação, é observado um conjunto de indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, mostrando desigualdades de renda, gênero, cor ou raça, grupos de idade, pessoas com deficiência e desigualdades regionais no Brasil, e indicadores selecionados dos ODS para os países do G20. O Brasil e outras 19 nações formam esse fórum de cooperação econômica internacional. Outra informação a partir da pesquisa é que o Brasil teve redução de 38,9% na taxa de mortalidade por doenças atribuídas a fontes de águas inseguras, saneamento inseguro e falta de higiene - saindo de 7,2 mortes a cada 100 mil habitantes para 4,4.
Para a médica pediatra/neonatolgista Vilma Hutim, da Unidade Neonatal da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), membro da diretoria da Sociedade Paraense de Pediatria (Sopape) e instrutora do Programa de Reanimação Neonatal (PRN/PA), comentou a pesquisa do IBGE. "Essa taxa elevada nessa faixa etária reflete a fragilidade da rede de atenção à saúde integral e intersetorial à criança, desde a concepção até o acompanhamento nos primeiros anos de Vida. Envolve a rede da gestão, garantias das políticas de saúde da mulher e da criança em todos os níveis: atenção primária, secundária e terciária.
A médica aponta como causas para a alta taxa e mortalidade dessas crianças no Norte do Brasil
A falha na atenção no planejamento reprodutivo, garantias de pré-natal adequado com identificação de riscos da gestante. "Deve-se tratar ou minimizar esses riscos. Atenção adequada ao parto e nascimento; garantias de atendimento especializado em caso de necessidade para as crianças; garantias de acompanhamento em Rede da criança nos primeiros anos de vida com garantias de triagem neonatal, vacinas dos primeiros anos; monitoramento do desenvolvimento infantil e nutrição com crescimento saudável", observa Vilma Hutim.
Para reverter esse cenário, ela defende a garantia do funcionamento da Rede de atenção integrada da atenção básica com os serviços especializados; equipes de atenção à saúde multiprofissional capacitadas para a atenção à saúde da mulher com pré-natal adequado; atenção ao parto e nascimento e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento saudável das crianças de acordo com as políticas de atenção à saúde da mulher e criança, entre outras ações. "Lembrando que que a mortalidade das crianças de 0 a 05 anos ocorre mais no período neonatal de 0 a 28 dias de vida", complementa a pediatra.
Fonte: Eduardo Rocha/Oliberal