O café e o leite são dois itens indispensáveis na primeira refeição do dia da maioria dos paraenses. Porém, com a alta nos preços, é cada dia mais difícil para os consumidores manterem ambos os produtos alimentícios na cesta básica. De acordo com um levantamento divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o café e o leite registraram um aumento expressivo acima da inflação no último mês.
Em dezembro de 2023, o quilo do café estava sendo comercializado, em média, a R$ 34,97. Já antes da metade deste ano, no mês de maio, o preço saltou para R$39,09. Segundo o Dieese, o reajuste contribuiu para que, no balanço comparativo de preços deste ano, a alta acumulada no preço do produto já chegasse a quase 12,00%. O percentual supera a inflação calculada para o período, que foi de 3,34% (INPC/IBGE)
Já o litro do leite apresentou um aumento de 7,03% em relação ao mesmo período do ano passado. O produto encerrado em 2023 custando em média R$7,04. Em maio deste ano, o leite consumido pelos paraenses na capital chegou a R$ 7,76.No comparativo de preços deste ano, a alta acumulada no preço do produto alcança mais de 10,00%, ultrapassando também a inflação registrada para o mesmo período .
No geral, o preço da maior parte dos mantimentos que compõem a cesta básica dos paraenses ficaram mais caros em maio de 2024. Ao levar em conta o valor do salário mínimo líquido - após o desconto de 7,5% para a previdência - o trabalhador precisou comprometer 63,31% dos salários mensais para comprar os mantimentos.
“Todo dia que a gente vem ao supermercado 'aumenta' os valores de tudo. Tá muito complicado”, desabafa a vendedora Terezinha Silva, de 58 anos.
Terezinha é moradora do bairro da Cremação, em Belém. Ela trabalha com a venda de salgados e, devido ao aumento dos itens, conta que já precisou cobrar mais caro pelos quitutes. Além disso, segundo ela, em certos momentos é necessário abrir mão de alguns itens da mesa de casa para poder fechar as contas no fim do mês.
“Nós já tivemos que reduzir muitas coisas em casa para poder equilibrar a conta. Eu trabalho com vendas e não posso ficar mudando sempre o preço dos salgados, porque senão vou perder a minha clientela”, conta a vendedora.
Como estratégia para tentar fugir dos preços elevados, a cuidadora Rosário Freitas, 56, diz que sempre vai em mais de um supermercado em busca de valores mais acessíveis. “Eu tenho que pesquisar muito antes para ver onde está mais em conta e poder comprar as minhas coisas. Compra ali, compra 'acolá' para poder viver”, narra.
O presidente da Associação Paraense dos Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, explica que, no caso do café, o reajuste está relacionado com a safra. No caso do Brasil, o maior produtor é o estado de Minas Gerais. Jorge cita que, como houve uma redução na produção, o preço aumentou.
Além disso, de acordo com os dados do Dieese, as preocupações com os estoques globais de café, os problemas relacionados à safra do grão no Vietnã e o ritmo lento da colheita de café nas regiões brasileiras também estão dentre os fatores relacionados ao aumento nas cotações internacionais do grão em grão pó.
Já o aumento no valor do leite está ligado à tragédia ambiental que aconteceu no Rio Grande do Sul em maio deste ano. “O Rio Grande do Sul produz uma boa parte do leite, que acabou sendo perdida. Então, consequentemente vem como resultado esse aumento. Esperamos que com a normalização ele venha a baixar”, frisa Jorge Portugal.
Fonte: Kamila Murakami/OLiberal