A equipe feminina do Paysandu garantiu vaga na final do Campeonato Brasileiro A3, onde terá pela frente ninguém menos que o Vasco da Gama na decisão. Os dois jogos serão realizados nos dias 21, em Belém, e 27, no Rio de Janeiro. Junto ao elenco vascaíno, também desembarcou em Belém a preparadora física Cássia Gouvêa, paraense, que fez uma brilhante carreira em terras locais, ajudando Esmac e Clube do Remo a alcançarem patamares inimagináveis no mundo da bola.
A profissional é formada em Educação Física pela Universidade da Amazônia – UNAMA e é pós-graduanda em Ciências do Exercício: Biomecânica, Fisiologia e Treinamento pelo Centro Universitário do Estado do Pará – CESUPA.
No início da carreira trabalhou na escolinha de futebol e preparação física das categorias de base do Tuna Luso, em 2018. De lá, em 2022 rumou para a Esmac, sendo sendo tricampeã paraense em 2018, 2019 e 2020, além de contribuir para o acesso da equipe à elite do futebol feminino brasileiro. No Leão Azul também fez sucesso, levantando troféus que logo em seguida despertaram a atenção do Vasco da Gama. Nesta entrevista exclusiva ao portal oliberal.com, a preparadora falou um pouco sobre os desafios da carreira. Confira:
1 - Você conquistou três acessos no Brasileirão. De que forma essas campanhas ajudaram você a evoluir enquanto profissional?
Eu acredito que tanto as conquistas, quantos as derrotas também fortalecem muito a nossa caminhada. Tudo que passei na minha carreira me fez evoluir como profissional e me fez aprender muito.
2 - Como o Vasco apareceu na sua vida,
após formar carreira no Pará?
Eu
fui procurada no início
do ano quando eles começaram a montar o elenco para disputa na A3. Veio
enquanto estava de recesso após o final do Campeonato Paraense. Conversei com o
Remo e acabei aceitando a proposta.
3 - Qual a diferença estrutural entre o
eixo sul-sudeste com o Norte? O que o Vasco oferece de diferente?
Num
contexto geral, nossa região já tem mais dificuldades no futebol a nível de
investimento, no futebol feminino a disparidade também ocorre. A diferença
começa na forma que a região enxerga a modalidade. Infelizmente o Pará ainda
trata o futebol feminino como não profissional e isso tem um peso muito grande.
Aqui temos mais competições, mais investimentos, tratamento profissional mesmo.
4 - Você enfrentou o Paysandu algumas vezes na carreira, seja pela Esmac ou Remo. O Conhecendo o adversário, como você pode ajudar o vasco nesta final?
Já enfrentei muitas vezes e já trabalhei com algumas atletas que estão atualmente no Paysandu, conhecer a forma que o clube joga, a forma que muitas ali jogam acaba sendo muito importante pra dar algumas dicas também.
5 - Ano que vem você vai enfrentar o
Remo, seu último clube, na Série A2. Como será reencontrar a equipe?
Pra
mim será muito importante, o Remo marcou muito
a minha carreira, quando me contrataram eu estava num momento complicado,
achava que não
voltaria a trabalhar com futebol. Tenho muita gratidão ao clube.
6 - Como você avalia a Seleção nas
Olimpíadas? Até onde o time de Arthur Elias pode chegar?
Creio
que seja o ano de maior investimento da seleção
brasileira e isso tem um peso enorme. Temos nomes históricos e nomes novos que devem dar
bastante trabalho para as outras seleções, espero que consigam o ouro. As
consequências de uma conquista como essa afetam a modalidade como um todo.
7 - O futebol feminino costuma privilegiar
atletas mais experientes, como o caso da Marta, que tem 38 anos, e vai disputar
as olimpíadas. De que forma a preparação física atua para estender a vida útil
dessas atletas?
A
preparação física tem papel importantíssimo nessa longevidade. Quanto mais
conseguirmos evitar lesões,
mais chances de termos atletas mais velhas, além de claro, trabalhar certas
questões fisiológicas e específicas da mulher ajudarão muito nisso. Creio que
quanto mais a ciência e o futebol se aproximam, mais chances temos de que mais
atletas possam ter carreiras mais longas.
Fonte: Luiz Guilherme Ramos/OLiberal