O Círio de Nazaré, cuja edição 232 se celebra neste domingo, mantém a tradição de unir duas grandes paixões do povo católico paraense: a devoção a Nossa Senhora de Nazaré e o futebol. Aproveitando o grande momento de fé, os torcedores, o elenco e a diretoria do Paysandu voltam a recorrer à “mãozinha” milagrosa da Rainha da Amazônia para que o time se mantenha na Série B do Brasileiro em 2025, afastando de vez a ameaça de queda à Série C do Nacional, que ronda a Curuzu.
O cenário de devoção dos bicolores repete o do ano passado, quando, em pleno horário da trasladação, o Papão, jogando no Rio de Janeiro, contra o Volta Redonda-RJ, assegurou a volta à chamada Segundona. Para muitos torcedores, a classificação contou com a força da padroeira dos paraenses. “Em 2023, não cheguei a fazer promessa, mas rezei e pedi muito a ajuda da Virgem e nosso time acabou recebendo a graça”, acredita o torcedor Mauro Santana Martins, de 34 anos, que volta, este ano, a suplicar pelo “empurrão” da Santinha.
“Nosso time não vive um bom momento, mas tenho fé que as coisas vão mudar, com a ajuda de Nossa Senhora, e vamos continuar na Série B”, confia o torcedor, que se une a outras vozes bicolores vindas de fora de dentro da Curuzu, numa autêntica corrente de fé, ratificada na última sexta-feira, quando um grande número de pessoas, a maioria delas torcedoras do clube, estiveram no entorno do estádio bicolor para reverenciar e fortificar a fé na Virgem durante uma das tradicionais romarias do Círio.
Os jogadores, assim como todo o restante do elenco do Papão, não puderam acompanhar a passagem da Santa em razão do treinamento do grupo no mesmo horário. Mas, antes do evento, a imagem peregrina de Nazaré já havia visitado a Curuzu, como acontece há alguns anos, oportunidade em que os bicolores católicos puderam reforçar a fé e, ao mesmo tempo, fazer seus pedidos a Virgem, entre eles, claro, a manutenção do Papão na Série B.
O veterano meio-campista Robinho, conforme revela, já recorreu diversas vezes à ajuda da Santa. Ele confia que a visita da imagem peregrina à Curuzu trouxe bons fluídos ao time bicolor. “Foi uma visita muito emocionante. Naquela semana vencemos o Ituano e tenho certeza que a presença dela nos deu uma grande ajuda para que nossa equipe alcançasse aquela vitória”, afirma Robinho, que carrega tatuada em um dos braços a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, providenciada no ano passado como promessa à classificação do Papão à Série B deste ano.
Fé move os bicolores e está presente no dia a dia
Nossa Senhora de Nazaré, assim como em todo o restante da população católica paraense, está sempre presente na vida dos torcedores do Paysandu. Principalmente nos momento de aflição, como o de agora, quando a equipe luta para se manter na Série B, faltando apenas sete rodadas para o término da competição, com o Papão ocupando a zona intermediária da tabela de classificação do campeonato, na 13ª posição, com 36 pontos, após uma vitória providencial na última quarta, contra a Chapecoense, que livrou o time de cair para a zona de rebaixamento. É à Santa que o torcedor recorre em busca de ajuda extracampo.
A ligação entre o clube e a padroeira dos paraenses pode ser facilmente confirmada em uma visita ao estádio da Curuzu, onde a imagem da Santa tem lugar cativo na praça Agripino Furtado, que fica por trás do tobogã de arquibancada que dá para a avenida João Paulo II. E não é só, no vestiário da praça bicolor, a Santa também tem o seu sagrado espaço, sempre frequentado pelos integrantes do elenco do clube que professam a religião católica.
A sede social do clube, localizada na avenida Nazaré, que compõe o roteiro da grande procissão do Círio, como reza a tradição, deve receber, neste domingo, um grande número de bicolores, que desfrutarão do local privilegiado para acompanhar a passagem da Santa. Para acolher de forma confortável o público, o local também recebeu melhorias nos últimos dias.
CAMISA
Em conjunto com os outros dois principais clubes de futebol de Belém – Clube do Remo e Tuna Luso -, o Paysandu lançou no dia 12 de setembro, a camisa oficial do clube dedicada a maior festa religiosa do povo católico paraense e a segunda mais importante do Brasil, ficando atrás apenas do evento dedicado a Nossa Senhora de Aparecida, a padroeira do país. Um produto que pode ser visto nas ruas, avenidas e logradouros de Belém, sendo exibido com orgulho por torcedores bicolores. A parceria entre os clubes e a diretoria da Festa do Círio de Nazaré teve o seu início em 2021, sempre com muito sucesso.
O presidente do Papão, Maurício Ettinger, assegura que a camisa alusiva ao Círio já se tornou uma tradição, com a chegada do produto ao mercado sendo esperada com grande ansiedade pelo torcedor do clube alviceleste. “Porque o torcedor vai passar uma data tão especial, como é o momento do Círio, com a camisa que une dois ícones da cultura paraense, o Paysandu e a Virgem de Nazaré”, diz.
Muitos torcedores aproveitam a compra do produto para participar da festa religiosa vestidos com a camisa, apelidada por alguns de “Papãonossa”. Este ano, a peça de vestuário traz desenhos de pontos que fazem parte do trajeto da procissão do Círio, entre eles o mercado do Ver-o-Peso, o Theatro da Paz e, claro, a Basílica Santuário. Como não poderia deixar de ser, a peça mantém, como em anos anteriores, as cores do clube – azul e branco.
DISPENSAS
Faltando sete rodadas para o término da Série B do Brasileiro, com o time ocupando a zona intermediária do campeonato, na 13ª colocação, com 36 pontos, o Paysandu anunciou, na última sexta-feira, a dispensa de dois dos jogadores do elenco do clube: o meio-campista Cazares e o atacante Yony Gonzáles. O afastamento dos atletas foi comunicado em nota publicada pela assessoria bicolor nas redes digitais do clube.
A nota não revela o motivo ou motivos das dispensas, fazendo apenas o tradicional agradecimento aos serviços prestados pelos atletas ao clube. Mas as especulações na Curuzu, ontem, giravam em torno de supostos atos de indisciplina cometidos pelo meia, principalmente, e pelo atacante.
Cazares, na viagem do time para o jogo em Belo Horizonte, contra o América-MG, foi liberado para supostamente visitar amigos na cidade e acabou perdendo o voo de volta a Belém. Cazares possui em sua trajetória no futebol brasileiro iniciada no Atlético-MG, diversos casos de indisciplina cometidos nos vários clubes que defendeu, sendo tachado de notívago. Ainda no campo especulativo, sem a confirmação por parte da administração bicolor, algumas denúncias teriam chegado à Curuzu relacionadas ao comportamento extracampo do jogador.
Fonte: Nildo Lima/DOL